Educação Acelerada
Milhões de crianças permanecem fora da escola, especialmente em contextos em que os sistemas educativos são desafiados pelo crescimento populacional e o aumento das deslocações forçadas e da migração. Então, como podemos oferecer oportunidades educativas para os milhões de crianças e jovens desfavorecidos, que já estão acima da idade de escolarização, ou que simplesmente permanecem fora da escola? A Educação Acelerada pode ser uma estratégia fundamental para responder a essa necessidade.
O que é Educação Acelerada?
Educação Acelerada (EA) corresponde a um programa flexível e apropriado à idade, operacionalizado num período de tempo acelerado, que visa proporcionar acesso à educação a crianças e jovens desfavorecidos, maiores de idade, e que estão fora da escola. Isso pode incluir aqueles e aquelas que perderam a oportunidade ou viram os seu processo educativo interrompido por factores de pobreza, marginalização, conflito e crise.
No geral, o objetivo dos Programas de Educação Acelerada (PEA) é proporcionar às alunas e alunos competências de educação básica equivalentes e certificadas, utilizando abordagens eficazes de ensino e aprendizagem que correspondam ao seu nível de maturidade cognitiva.
Em todo o mundo, mais de 263 milhões de crianças e adolescentes permanecem fora da escola, seja porque nunca se matricularam, seja porque desistiram após a matrícula. As e os mais marginalizados correm um maior risco, incluindo crianças e jovens deslocados à força, ex-combatentes, meninas e crianças com deficiência. A cada ano letivo perdido, há maior probabilidade de que essas crianças não consigam retornar à educação formal, resultando em maiores riscos à sua proteção.
As políticas nacionais de educação frequentemente impedem as alunas e os alunos de se matricularem na escola primária depois de uma certa idade. As alunas e os alunos mais velhos que são capazes de se matricular nos sistemas de educação formal são muito mais propensos a desistirem, e quando há uma afluência de alunas e alunos mais velhos, não se verifica apenas o possível problema de um maior número de salas de aula sobrelotadas e condições de ensino difíceis com múltiplas faixas etárias, mas há também riscos consideráveis de proteção ao juntar crianças mais velhas e mais novas numa mesma turma. Os programas de ensino acelerado certificados são uma forma fundamental de permitir que as crianças mais velhas e os e as adolescentes tenham acesso a uma educação adequada à sua idade.
Os PEA procuram reduzir o número de anos de um ciclo de aprendizagem e permitem que os alunos e as alunas concluam um nível de educação equivalente e certificado num período de tempo mais curto[1]. Uma vez concluído o PEA, espera-se que os alunos e as alunas se reintegram no sistema de ensino formal regular, entrem no ensino técnico e profissional baseado em competências ou se integrem diretamente no mercado de trabalho com competências certificadas de literacia e numeracia.
A estrutura dos PEA varia no que diz respeito ao seu ritmo, às faixas etárias a que se dirigem e à abordagem de ensino e aprendizagem que empregam. A maioria dos PEA são de saída e entrada múltipla, o que significa que uma vez que um aluno ou uma aluna tenha completado os níveis adequados de um PEA e tem a idade certa para uma determinado grau ou nível, este ou esta podem fazer a transição para a educação formal; ou que um aluno ou aluna que tenha abandonado o programa no nível 3 não tem que começar um novo PEA no nível 1.
Grupo de Trabalho sobre Educação Acelerada (GTEA)
O Grupo de Trabalho sobre Educação Acelerada (GTEA) é composto por vários parceiros e parceiras de educação que apoiam e/ou financiam a programação de EA. Este Grupo visa melhorar a qualidade da EA através do desenvolvimento de orientações e ferramentas para apoiar uma abordagem mais harmonizada e padronizada da oferta deste tipo de educação. Desde o início, o GTEA também se comprometeu a defender a integração da EA nas políticas nacionais, estratégias de doadores e doadoras e respostas programáticas à questão dos alunos e alunas fora da escola, acima da idade de escolarização, em situações de emergência, e contextos de crises prolongadas.
Esta coleção foi desenvolvida com o apoio de Martha Hewison, Presidente do ACNUR /GTEA.