Professores e Professoras
“Trabalhar para encontrar soluções que nos permitam ter um número suficiente de professoras e professores devidamente formados e qualificados é hoje um imperativo urgente se queremos garantir uma educação de qualidade e em condições de segurança —assim como esperança para o futuro— às crianças afetadas por conflitos e crises, cujo número não pára de aumentar” (Mendenhall et al., 2018).
Uma professora ou professor competente e qualificado é um dos elementos mais importantes de qualquer sistema educativo. Mas em cenários de crise e pós-conflito o número de professoras e professores é muito reduzido e muitos deles são funcionários novos com o mínimo de experiência ou educação que os possa preparar para ensinar em condições difíceis. Aquelas e aqueles que têm experiência de ensino ou qualificações para tal talvez tenham que ensinar conteúdos que vão para além da sua área de especialização e talvez não estejam preparados para responder às complexidades acrescidas do ensino em contexto de crise.
Dado que os professores e as professoras desempenham um papel fundamental em moldar o futuro dos seus alunos e das suas alunas e comunidades, o seu contributo não deve ser pensado apenas numa fase posterior, mas sim deve ser considerado como uma parte integral das fases de preparação e planeamento para a educação em situações de emergência e em crises prolongadas. Os professores e as professoras, como todos os profissionais, deverão ser recrutados cuidadosamente e preparados para a sua profissão, tendo acesso a um planeamento adequado e a um desenvolvimento profissional bem concebido, para poderem dar o seu melhor, especialmente em tempos de crise. Mais especificamente, as professoras e os professores devem ter conhecimentos e competências relevantes, bem como um forte apoio escolar e oportunidades de colaboração para responder eficazmente às necessidades complexas das e dos estudantes em contextos de crise.
Pode saber mais sobre o Grupo de Trabalho Colaborativo da INEE sobre Professores em Contexto de Crise, uma iniciativa interinstitucional constituída com o intuito de prestar mais e melhor apoio a professores e professoras em contextos de crise, clique aqui.
Principais estatísticas
Estima-se que são necessários pelo menos mais 20 000 professores e professoras do que aqueles recrutados a cada ano letivo para colmatar as lacunas ao nível do ensino a alunas e alunos deslocados em todo o mundo (Strecker, 2018).
- O conflito armado que se prolonga na República Central Africana, desde 2003, conduziu a uma situação onde num país de 4,6 milhões de pessoas só existem 9000 professores e professoras, dos quais metade não têm qualificações (Nicolai et al., 2015, pág. 17).
- No campo de pessoas refugiadas de Kakuma, no Quénia, 73% das professoras e professores de ensino primário não são certificados (Mendenhall et al., 2018).
- No Líbano, 55% dos professores e professoras não receberam formação nos últimos dois anos, apesar das diversas necessidades de professores, professoras, alunas e alunos (UNESCO GEM, 2019).
- Nas escolas primárias em campos de pessoas refugiadas no Uganda, o rácio médio de aluno/a-professor/a é de 85:1, chegando a ser de 94:1 e 133:1 em determinados campos (UNESCO GEM, 2019)
- Na Síria, as bolsas para professores e professoras desceram, em média, para 10 por cento do valor dos salários pré-crise (Assistance Coordination Unit, 2017).