Género

A vivência e o impacto de uma situações de emergência é profundamente diferente entre meninas e mulheres, e meninos e homens. As meninas e as mulheres enfrentam diferentes ameaças e riscos e têm diferentes mecanismos de resposta e enfrentamento para lidar com os efeitos das situações de crise e deslocação forçada.

As situações de emergência podem resultar na perda de meios de subsistência e na alteração dos papéis sociais. As dinâmicas de poder dentro das famílias, comunidades e sociedades estão frequentemente em mudança e podem alterar o estatuto das mulheres e dos homens. Nesses contextos, as necessidades educativas mudam e muitas vezes surgem barreiras diferentes para rapazes e raparigas, com as raparigas geralmente experimentando maiores desvantagens. Quatro dos cinco países com as maiores disparidades de género na educação são afetados por conflitos, e as raparigas em contextos de crise são duas vezes e meia mais propensas a abandonarem a escola primária e 90% mais propensas a abandonarem a escola secundária do que as suas pares em contextos mais estáveis.

As raparigas tendem a enfrentar múltiplas ameaças no acesso à educação segura e de qualidade. Estas podem estar diretamente ligadas a uma situação de emergência, tais como ataques direcionados a escolas de raparigas e violência baseada no género e deslocações forçadas relacionadas com a escola. As ameaças também podem estar indiretamente ligadas, mas exacerbadas por uma situação de emergência, tais como o casamento precoce, menor disponibilidade de serviços de saúde sexual e reprodutiva, maior desvantagem das raparigas com deficiência e aumento dos custos das oportunidades educativas. À medida que os custos aumentam para enviar as crianças à escola em situações frágeis, as adolescentes ficam particularmente em desvantagem em relação aos rapazes, sendo que a educação muitas vezes não é considerada um investimento. Homens e rapazes também estão expostos a várias ameaças que minam as suas oportunidades educativas. Os conflitos podem ter um impacto maior na educação dos rapazes em certos contextos em que é mais provável que eles sejam recrutados para as forças armadas ou pressionados a aceitar empregos remunerados.

As mudanças nos papéis e relações de género observadas após as situações de crise apresentam a oportunidade de aproveitar essas dinâmicas e estabelecer novos precedentes para a igualdade de género. De facto, a investigação global demonstra que o conflito é menos provável em contextos onde há paridade de género no que respeita à média de anos de escolaridade. Além disso, práticas promissoras emergentes mostram que, quando a educação de boa qualidade, relevante, sensível às questões de conflito e de género está disponível de forma equitativa, pode quebrar ciclos de conflito e violência, redefinir normas de género e promover a tolerância e a reconciliação. Os compromissos globais refletem a crescente priorização da igualdade de género, bem como da educação em contextos de conflito e crise por meio dos ODS, do Marco de Ação para a Educação 2030, da Cimeira Humanitária Mundial e da Declaração Charlevoix de 2018 sobre Educação de Qualidade para Meninas, Adolescentes e Mulheres em Países em Desenvolvimento. 

Gender graphic PT

É fundamental um maior investimento em práticas promissoras emergentes em estratégias específicas para implementar a EeE sensível às questões de género, no sentido de permitir que as crianças e as e os jovens contribuam para a promoção de sociedades pacíficas, equitativas e prósperas em termos das questões de género.

Mensagens-chave:

 

Esta coleção foi desenvolvida com o apoio de Emilie Rees Smith, Especialista em Género, Educação e Conflito da Iniciativa de Educação de Raparigas das Nações Unidas. 

9 Julho 2019 Manual/Guia Rede Interinstitucional para a Educação em situações de Emergência (INEE), Iniciativa das Nações Unidas sobre Educação de Meninas (UNGEI)

Manual da INEE sobre Género

O Manual da INEE sobre Género apoia as práticas educativas que privilegiam o género, destinando-se a todas as pessoas envolvidas na educação em situações de emergência (EeE), como parte do processo de preparação, resposta ou reconstrução. Isto inclui governos, organizações não-governamentais, agências internacionais e doadores

21 Março 2018 Manual/Handbook/Guide Inter-Agency Standing Committee (IASC)

IASC Gender Handbook for Humanitarian Action

Updating the original 2006 handbook, the new version reflects current humanitarian coordination mechanisms and the recent commitment gains towards gender in humanitarian action developed at international fora such as the World Humanitarian Summit, the Grand Bargain and the Sendai Framework Agreement.

10 Fevereiro 2017 Manual/Handbook/Guide
United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs (OCHA)
UN Women

Gender Guidance for the Humanitarian Program Cycle 2018-2020

Delivering humanitarian response that meets the needs of women, girls, boys and men remains a priority for all UN Agencies and their partners. This guidance provides a checklist of essential actions for ensuring equitable participation and fair distribution of humanitarian action at each stage of the Humanitarian Program Cycle (HPC).

28 Agosto 2015 Manual/Handbook/Guide Inter-Agency Standing Committee (IASC)

Guidelines for Integrating Gender-Based Violence Interventions in Humanitarian Action

The Guidelines for Integrating Gender-Based Violence Interventions in Humanitarian Action were developed to assist humanitarian actors and communities affected by humanitarian emergencies to coordinate, implement, monitor and evaluate essential action for the prevention and mitigation of gender based violence across all sectors of humanitarian action.

1 Janeiro 2009 Toolkit United Nations Educational, Scientific and Cultural Organziation (UNESCO)

Toolkit for Promoting Gender Equality in Education

The Toolkit also integrates existing information and tools designed by other national or international organizations dedicated to promoting and providing training on gender equality in education and other sectors.

1 Janeiro 2010 Brochure/Pamphlet Inter-agency Network for Education in Emergencies (INEE)

INEE Thematic Issue Brief: Gender

While education is both a human right and an indispensable means of realising other human rights, for too long, those affected by humanitarian emergencies have been deprived of education. To ensure that all male and female learners benefit equally from education in emergencies, it is critical to understand the social and gender dynamics that might affect or place constraints on them.

31 Dezembro 2011 Training Material Inter-agency Network for Education in Emergencies (INEE)

EIE Harmonized Training Module 16: Gender Responsive Education

​​​​​​At the end of this session participants will be able to explain what is meant by gender-responsive education; reflect on needs and challenges and identify best practices of gender-responsive education; practice the ADAPT and ACT Collectively Framework to mainstream gender into education in emergencies; develop gender-responsive strategies that support the INEE Minimum Standards.

1 Outubro 2017 Report Overseas Development Institute (ODI), United Nations Girls Education Initiative (UNGEI)

Mitigating Threats to Girls' Education in Conflict-Affected Contexts: Current Practice

The report presents a rigorous review that complements existing literature on education in conflict-affected contexts by investigating various barriers and threats girls encounter in accessing education, and by shining a spotlight on practices that have supported girls’ access to education in these contexts.