Nova edição especial do JEiE sobre educação na pandemia!

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Tema(s):
Coronavírus (COVID-19)
Investigação e Evidências
Saúde
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JEiE Vol 8 No 3 CoverEsta edição especial da Revista sobre Educação em situações de Emergência [Journal on Education in Emergencies] (JEiE) traz observações empíricas sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 em estudantes, familiares e professoras/es em contextos de conflito e afetados por crises. São apresentadas rigorosas evidências que apoiam abordagens para fortalecer a preparação e a mitigação em contextos adversos à proteção de crianças e aos resultados de aprendizagem para situações futuras de fechamento das escolas, incluindo as situações de emergências de saúde pública. Este volume traz, ainda, lições para a área da educação em situações de emergências, tanto para o contexto das pesquisas quanto de trabalho de campo, em atividades conduzidas no Sudão do Sul, na República Democrática do Congo, em Rwanda, na Nigéria, no Líbano, na Síria, em Honduras e em outros lugares durante os períodos críticos da pandemia de COVID-19, assim como em situações de epidemias e pandemias do passado, incluindo experiências com ebola, SARS e HIV/SIDA.

O volume 8, número 3 da Revista sobre Educação em situações de Emergência traz seis artigos de investigação, quatro notas de campo e três resenhas de livros. As/Os autores que contribuíram para este volume abordam as condições de trabalho e remuneração de professoras durante a pandemia de COVID-19 e a rápida transição para a educação remota, situação que deixou muitas/os professoras/es se sentindo desorientadas/os e com grande carga de trabalho. Colaboradoras/es deste volume investigam como a realidade do acesso à educação remota em contextos de marginalização digital ou de pouco acesso a recursos digitais, e também lugares onde as oportunidades de educação remota falharam em atender às necessidades específicas de estudantes com deficiências. Diversas/os autoras/es propõem reflexões sobre o papel da pandemia de COVID-19 em destacar programas de educação que podem ser escalados por meio de recursos como WhatsApp, vídeo, redes sociais e bibliotecas de recursos inovadores. Por fim, este volume concentra o foco nas experiências de estudantes durante a pandemia, que, como destacam as/os autoras/es, dialogam com obrigações familiares de mães adolescentes, com estudantes sendo considerados perigosos por frequentar escolas corânicas e com outras dimensões identitárias.

Em reconhecimento ao projeto robusto de bolsas de estudo sobre emergências de saúde na África francófona, este volume especial sobre educação na pandemia traz uma primeira oportunidade para académicas/es e profissionais submeterem seus textos ao JEiE em francês. Estamos bastante contentes com a oferta de um texto em francês nesta edição, que será traduzido e disponibilizado em inglês. Além disso, todos os artigos originalmente publicados em inglês serão disponibilizados em francês em 2023.

Emily Dunlop, Mark Ginsburg e Randa Grob-Zakhary lideraram o desenvolvimento deste volume. Agradecemos muito o tempo que dedicaram, bem como a expertise e a liderança que emprestaram a este projeto.

Como um periódico diamante de acesso livre, o JEiE nunca cobra taxas de inscrição ou para download, nem cobra taxas das/os autores que submetem seus manuscritos para apreciação de nossa equipa editorial. Este volume 8, número 3, assim como as edições anteriores e todos os artigos, de forma individual, estão disponíveis de forma gratuita no site da INEE: https://inee.org/pt/journal.

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Revista sobre Educação em situações de Emergência
Volume 8, número 3 – edição especial sobre educação em pandemias

QUADRO DE CONTEÚDOS E RESUMOS

Nota editorial: Journal on Education in Emergencies Volume 8, Número 3
Emily Dunlop e Mark Ginsburg

Nesta nota editorial, os editores desta edição especial, Emily Dunlop e Mark Ginsburg, oferecem um panorama das pesquisas sobre educação durante a pandemia de COVID-19, destacando as dinâmicas políticas, econômicas e sociais que influenciaram respostas políticas durante a pandemia. Desigualdades socioeconômicas já existentes, acesso desigual a informações de saúde pública e capacidade ou disposição diferenciada dos atores estatais para responder à pandemia exacerbaram os resultados adversos de saúde para comunidades vulneráveis ​​e marginalizadas em todo o mundo. Com essa perspectiva, Dunlop e Ginsburg resumem as principais descobertas dos seis artigos de investigação, quatro notas de campo e três resenhas de livros incluídos nesta edição especial.

 

Educating during a Health Emergency: An Integrative Review of the Literature from 1990 to 2020 [Educar durante uma emergência de saúde: revisão integrada da literatura – de 1990 a 2020]
Kathlyn E. Elliott, Katie A. Mathew, Yiyun Fan e David Mattson

Antes de 2020, a pesquisa empírica e os relatórios sobre abordagens à educação durante as crises de saúde eram limitados. Eles se concentraram principalmente em relatar a resposta em nível local e ofereciam apenas análises limitadas. Várias epidemias históricas, como SARS, Ébola e HIV/SIDA, forneceram lições importantes sobre a eficácia educacional durante grandes emergências de saúde. No entanto, o surgimento repentino da pandemia do COVID-19 levou a uma explosão de pesquisas sobre educação durante uma crise de saúde mundial. Esta revisão integrativa da literatura (Torraco, 2005) usa a estrutura dos Requisitos Mínimos da INEE para conceituar a resposta a pandemias e epidemias de 1990 a 2020. A pesquisa analisa 124 estudos empíricos, relatórios profissionais e governamentais e relatos históricos de Ébola, SARS e outras epidemias, bem como respostas iniciais à COVID-19, a fim de entender como as partes interessadas na educação continuaram educando durante doenças transmissíveis generalizadas. Os temas de alto nível que surgiram incluíram o papel fundamental do contexto e apoio da comunidade; acesso a uma educação equitativa na era digital; o bem-estar socioemocional de professoras/es e estudantes; papel das/os professoras/es na adaptação do currículo e da pedagogia; a necessidade de treinamento adicional e apoio a professoras/es; e a oportunidade para uma mudança criativa nas práticas e políticas educacionais.

 

Implementing Free Primary Education in a Crisis Context: COVID-19 and Education Reform in South Kivu, Democratic Republic of the Congo [Implementar educação primária gratuita em contexto de crise: COVID-19 e reforma educacional em South Kivu, República Democrática do Congo]
Jean-Benoît Falisse, Cyril Brandt, Jean Mukengere Basengezi, Sweta Gupta, Dieudonné Kanyerhera, Pierre Marion, Pacifique Nyabagaza, Ibrahim Safari Nyandinda, Gauthier Marchais e Samuel Matabishi

Em setembro de 2019, a República Democrática do Congo implementou uma nova política que aboliu as taxas para acesso à educação primária. Alguns meses depois, as escolas fecharam por 4,5 meses devido à pandemia de COVID-19. Como o bloqueio afetou a implementação da política de educação gratuita? Reduziu ou aumentou seus efeitos? Este artigo examina a experiência de escolas e professoras/es em dois distritos de South Kivu afetados por conflitos armados. Com base em uma pesquisa desenvolvida com 752 professoras/es e 637 pais, bem como 157 entrevistas qualitativas em 55 escolas, mostramos que, amparadas pela política de educação gratuita, as matrículas permaneceram estáveis ​​e as relações entre professoras/es e pais não parecem deterioradas, apesar de um falta quase total de atividade docente durante o período de fechamento das escolas. No entanto, as dificuldades associadas à pandemia tornaram ainda mais insustentável a situação financeira de muitas/os professoras/es com contratos precários, anteriormente pagos através das taxas cobradas. O abandono maciço da profissão ameaça a estabilidade do sistema escolar. Assim, introduzir a educação primária gratuita não é uma panaceia em um contexto de crise. A sustentabilidade dessa reforma requer uma revisão ambiciosa e abrangente dos recursos humanos.

 

Home Learning for Children in Low-Income Contexts during a Pandemic: An Analysis of 2020 Survey Results from Syria and the Democratic Republic of the Congo [Aprendizagem domiciliar para crianças em contextos de baixa renda durante uma pandemia: análise dos resultados da pesquisa de 2020 sobre a Síria e a República Democrática do Congo]
Su Lyn Corcoran, Helen Pinnock e Rachel Twigg

O fechamento de escolas em razão da pandemia de COVID-19 e a necessidade de milhões de estudantes aprenderem em casa criaram pressões adicionais para pais e cuidadoras/es, que, repentinamente, tornaram-se responsáveis ​​pela educação de seus filhos, muitas vezes com apoio ou recursos limitados. Quando as escolas fecharam, uma enxurrada de materiais e atividades de aprendizado doméstico circulou online, mas poucas dessas soluções se concentraram nas necessidades de aprendizado doméstico de estudantes com deficiência em contextos de baixa renda, onde o aprendizado on-line raramente é uma opção. A Enabling Education Network e a Associação Norueguesa de Deficientes desenvolveram materiais de orientação para todas/os as/os estudantes, que incentivam atividades de aprendizado adequadas, acessíveis ​​e de baixo estresse em formatos visuais e de fácil leitura, que agora estão disponíveis nos formatos online e impresso. Esses materiais foram informados por uma pesquisa online que analisou um panorama da situação, considerando em que medida o apoio e os recursos de aprendizagem em casa foram oferecidos, e registrou as perspectivas de pais, familiares e profissionais da educação sobre a situação de estudantes em 27 países nos meses que antecederam julho de 2020. Neste artigo, as autoras se concentram nas respostas da pesquisa da República Democrática do Congo e do norte da Síria, que descrevem as ofertas disponíveis de aprendizado inclusivo em casa. Essas descobertas são comparadas com as respostas de outros países e foram identificadas quatro áreas principais de aprendizado que enfatizam a importância de abordagens localizadas à educação inclusiva, baseadas em redes comunitárias e posicionando professoras/es e pais como importantes recursos comunitários para educação em emergências.

 

Scapegoating the Usual Suspects? Pandemic Control and the Securitization of Qur’anic Education in Northern Nigeria [Os mesmos suspeitos de sempre como bodes expiatórios? Controle da pandemia e educação corânica no norte da Nigéria]
Hannah Hoechner e Sadisu Idris Salisu

Embora as percepções sobre os efeitos da pandemia do COVID-19 na educação formal ainda sejam incipientes, sabe-se ainda menos sobre o impacto da pandemia nos sistemas educacionais não formais, incluindo instituições islâmicas de aprendizagem. Neste artigo, explora-se o nexo entre o controle da pandemia e a securitização da educação corânica no norte da Nigéria; isto é, o enquadramento de escolas, professoras/es e estudantes do Alcorão como ameaças à segurança que exigem respostas duras. As preocupações com a segurança há muito dominam as percepções das escolas corânicas nesta região, que tem sido atormentada pela violência sectária e inter-religiosa. Os estudantes de instituições corânicas, muitas vezes, foram escalados como futuros membros de grupos ou gangues e recrutas fáceis para grupos radicais. Além disso, foram descritos como vetores de doenças, mesmo quando as evidências epidemiológicas permanecem escassas. Neste artigo, os autores argumentam que os enquadramentos de segurança provaram ser altamente adaptáveis ​​no contexto da pandemia de COVID-19. Eles examinam como as percepções sobre os estudantes de instituições corânicas como perigosos legitimaram a liberação forçada de escolas e as deportações de estudantes. Intervenções drásticas também reforçaram as percepções da COVID-19 como uma farsa e uma trama de políticos para promover suas próprias agendas. Os dados para este artigo vêm de 14 diários verbais gravados em Kano, Nigéria, de abril a junho de 2020, nove entrevistas com professoras/es e estudantes de instituições corânicas afetados por liberações escolares e nossa análise de reportagens de jornais nigerianos.

 

The 2020 Pandemic in South Sudan: An Exploration of Teenage Mothers’ and Pregnant Adolescent Girls’ Resilience and Educational Continuity [A pandemia de 2020 no Sudão do Sul: uma exploração sobre a resiliência e a continuidade da educação de mães adolescentes e adolescentes grávidas]
Anne Corwith e Fatimah Ali

Em 13 de março de 2020, o governo do Sudão do Sul implementou medidas de bloqueio de emergência em resposta à pandemia de COVID-19. O medo de que a pandemia revertesse os esforços do governo e da sociedade civil para manter as meninas na escola foi concretizado e os casos relatados de gravidez na adolescência aumentaram. Antes da pandemia, o casamento precoce e a gravidez na adolescência no Sudão do Sul já eram motivo de extrema preocupação, já que o país registrava a sétima maior taxa de casamento infantil do mundo. Dados nacionais de 2019 indicaram que apenas 34% dos estudantes que fizeram os exames primários eram meninas. As autoras conduziram este estudo qualitativo para explorar os fatores de resiliência com os quais mães adolescentes e adolescentes grávidas contavam durante os bloqueios do COVID-19 na cidade de Maiwut, no Sudão do Sul, para permitir que voltassem à escola e continuassem seus estudos. A pesquisa revelou que, apesar de lutar para atender às suas necessidades básicas, receber fraco apoio de suas redes sociais e vivenciar violência e papéis de gênero negativos persistentes, essas mães adolescentes e adolescentes grávidas exibiram resiliência em suas aspirações de voltar à escola e se tornar financeiramente independentes. Ao centrar esta pesquisa nas vozes desta população vulnerável, é possível recomendar intervenções consideradas mais eficazes e direcionadas para organizações que trabalham neste e em contextos de emergência semelhantes.

 

School Leaders’ and Teachers’ Preparedness to Support Education in Rwanda during the COVID-19 Emergency [Preparação de líderes escolares e professoras/es para apoiar a educação em Rwanda durante a emergência de COVID-19]
Emma Carter, Artemio Arturo Cortez Ochoa, Philip Leonard, Samuel Nzaramba e Pauline Rose

Devido à pandemia de COVID-19, todas as escolas de Rwanda foram fechadas em março de 2020, e começaram a reabrir em novembro de 2020. Para entender o nível de preparação dessas escolas para ensinar remotamente durante essa emergência sem precedentes e para o eventual retorno às aulas, foram realizadas pesquisas por telefone com líderes escolares e professoras/es em 298 escolas secundárias, em agosto de 2020. Baseando-se na teoria da mobilização de conhecimento e em dados quantitativos, os resultados indicam que havia lacunas no acesso de líderes escolares e professoras/es à tecnologia e a treinamentos, além de falta de preparação que pudesse informar políticas e práticas em emergências futuras. As descobertas revelam que, antes da pandemia, os professores do sexo masculino em Rwanda tinham mais acesso do que as professoras aos dispositivos tecnológicos e à experiência online, assim como que as/os professoras/es de escolas com bons recursos eram mais propensas/os do que as/os professoras/es de escolas regulares a possuir algum tipo de de dispositivo a ser usado para o ensino. Descobriu-se que professoras/es cujos líderes escolares receberam orientação sobre como continuar a educação durante o fechamento da escola tinham maior probabilidade de receber seu apoio. Duas descobertas adicionais: professoras/es mais jovens eram mais propensas/os do que os mais velhos a apoiar as/os estudantes durante o fechamento das escolas, e as/os líderes escolares e professoras/es entrevistadas/os acreditavam que estudantes de famílias de baixa renda e áreas rurais se beneficiavam menos da aprendizagem remota. Essas descobertas indicam que, em Rwanda, o nível de preparação para apoiar a escolarização durante a emergência do COVID-19 foi afetado negativamente por desigualdades preexistentes e contínuas no acesso a recursos materiais e imateriais.

 

Improving Social-Emotional Health: Expansion of Teacher and Student Wellbeing during the COVID-19 Crisis in Honduras [Fortalecer a saúde socioemocional: expansão do bem-estar de professoras/es e estudantes durante a crise de COVID-19 em Honduras]
Craig Davis e Gustavo Páyan-Luna

O sistema educacional hondurenho foi pego de surpresa quando a pandemia de COVID-19 atingiu o país. Sem treinamento ou preparação efetiva e com poucos recursos, educadoras/es de todo o país começaram a oferecer aulas a distância em meados de março de 2020. Da noite para o dia, as/os educadoras/es enfrentaram obstáculos significativos em sua busca para manter as/os jovens estudando - dando aulas para estudantes que não podiam ver e envolvendo jovens que careciam de tecnologia. Professoras/es e estudantes começaram a apresentar problemas socioemocionais. Esta nota de campo descreve como o projeto Asegurando la Educación, da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID, na sigla em inglês),, fez a transição das atividades presenciais de aprendizagem socioemocional (ASE) em 135 escolas para oferecer suporte virtual a centenas de milhares de beneficiárias/os em todo o condado. Os autores descrevem as intervenções de ASE que contribuíram para a menor taxa nacional de abandono escolar em cinco anos e taxas de matrícula nas 135 escolas do Asegurando cerca de 5% mais altas do que a média nacional. Por fim, acredita-se que esta nota de campo contribuirá para a base de evidências de como a ASE pode melhorar a saúde mental e a retenção escolar em crises futuras.

 

The Sandbox Model: A Novel Approach to Iterating while Implementing an Emergency Education Program in Lebanon during the COVID-19 Pandemic [O modelo sandbox: uma nova abordagem para iterar durante a implementação de um programa educacional de emergência no Líbano durante a pandemia de COVID-19]
Michèle Boujikian, Alice Carter e Katy Jordan

O Programa de Educação para Refugiados de Jusoor (Jusoor’s Refugee Education Program) ajuda crianças refugiadas sírias que vivem no Líbano a se integrarem à escola formal. Quando as escolas fecharam devido à pandemia de COVID-19, o programa se adaptou ao ensino a distância desenvolvendo o Azima, um novo programa que usava o WhatsApp para permitir que as crianças continuassem aprendendo. O Azima teve de responder imediatamente ao contexto de emergência, mantendo altos padrões de ensino, e também precisou encontrar uma maneira eficaz de testar e refinar seu conteúdo rapidamente. Para isso, o programa Azima adotou uma abordagem experimental inovadora chamada sandbox. Um modelo sandbox opera em ciclos iterativos rápidos e usa vários métodos para testar rapidamente as suposições de um programa sobre como ele atingirá seus objetivos. Nesta nota de campo, o Azima é analisado como um estudo de caso para relatar a experiência de aplicação do modelo sandbox. As autoras refletem sobre os benefícios e as limitações dessa nova abordagem no apoio ao uso da tecnologia educacional em uma situação de crise.

 

Remote Family Engagement through Virtual Tutoring: An Emergency Response to Support Children, Families, and Students [Engajamento familiar remoto por meio de tutoria virtual: resposta de emergência para apoiar crianças, familiares e estudantes
Carmen Sherry Brown

O envolvimento da família é uma relação recíproca entre educadoras/es e familiares que apoia o desenvolvimento integral da criança. Em resposta aos contextos e às situações únicas criados pela pandemia de COVID-19, um membro do corpo docente da Escola de Educação do Hunter College, da City University of New York (SOE) e familiares que optaram pelo ensino 100% remoto para suas/seus filhas/os conceituaram um modelo de tutoria virtual remota, que complementava e dava suporte à instrução, à aprendizagem e ao desenvolvimento assíncronos. O modelo também deu às/aos estagiárias/os de trabalho de campo no programa de primeira infância da SOE a oportunidade de se envolver em experiências autênticas de ensino e aprendizagem; planear e implementar atividades cultural e linguisticamente responsivas; e avaliar o desenvolvimento, o aprendizado e o engajamento. Nesta nota de campo, a autora analisa o modelo de tutoria virtual e seu impacto nas famílias participantes, nas crianças e nas/os estagiárias/os do trabalho de campo. Ela também descreve as lições aprendidas durante a implementação e fornece sugestões para replicar o modelo.

 

Project-Based Learning as an Innovative COVID-19 Response [Aprendizagem baseada em projetos como uma resposta inovadora à COVID-19]
Leena Zahir e Janhvi Maheshwari-Kanoria

O impacto que a pandemia de COVID-19 teve no aprendizado foi sentido de forma aguda em contextos que recebem poucos recursos e de baixa renda, ambientes remotos e rurais e educação em cenários de emergência, onde a maioria das/os estudantes fica atrás dos marcos apropriados para a idade em aprendizado e desempenho (Banco Mundial, 2019). Os métodos digitais de aprendizagem remota foram difundidos na resposta educacional global à pandemia, o que deixou estudantes marginalizadas/os, a maioria das/os quais não conectadas/os digitalmente, em desvantagem e as/os expôs a maior perda de aprendizado e taxas de abandono mais altas do que seus pares com acesso digital (Dorn et al,. 2020). Nesta nota de campo, os autores destacam a aprendizagem baseada em projetos, uma abordagem pedagógica exclusiva que promove aprendizagem relevante, holística e centrada na/o estudante, bem como habilidades acadêmicas do século XXI. A inovação teve resultados preliminares promissores entre estudantes marginalizadas/os digitalmente durante o fechamento de escolas em função da pandemia de COVID-19. Algumas/ns estudantes que participaram dos pilotos de prova de conceito experimentaram um crescimento de até 28% em habilidades acadêmicas e não acadêmicas e relataram satisfação com os recursos de aprendizagem baseados em projetos de até 98%. As/os estudantes também indicaram uma mudança positiva em sua mentalidade em relação à aprendizagem. O sucesso inicial dos pilotos em estágio inicial em diversos contextos geográficos e educacionais indica que o modelo tem potencial para escala.

 

Pandemic Education and Viral Politics [Educação pandêmica e políticas virais], de Michael A. Peters e Tina Besley
Noah Kippley-Ogman

Em sua resenha do volume editado por Michael A. Peters e Tina Besley, Pandemic Education and Viral Politics, Noah Kippley-Ogman reflete sobre a compreensão coletiva inicial do momento social e político iniciado pela pandemia de COVID-19, conforme relatado por outras/os autoras/es do volume. Ele aponta a discussão dos editores sobre a disseminação viral de desinformação e desinformação sobre a pandemia e a perspectiva comparativa sobre as respostas de saúde pública chinesa e americana como sendo de particular interesse para um público de educação em situações de emergência. Kippley-Ogman traz Educação Pandêmica e Política Viral em conversa com outras/os académicas/os de ciências sociais e economia política desde 2020 para contextualizar como a pesquisa sobre a pandemia evoluiu desde suas primeiras semanas e meses.

 

Education, Equality and Justice in the New Normal: Global Responses to the Pandemic [Educação, igualdade e justiça no novo normal: repostas globais à pandemia], editado por Inny Accioly e Donaldo Macedo
Deepa Srikantaiah

Em sua resenha de Education, Equality and Justice in the New Normal: Global Responses to the Pandemic, Deepa Srikantaiah destaca o esforço de Inny Accioly e Donaldo Macedo para descrever a pandemia de COVID-19 como potencialmente transformadora. As/os autoras/es do volume destacam como a pandemia expôs a fragilidade dos sistemas educacionais em todo o mundo e a desumanidade do capitalismo e do neoliberalismo, que colocam o bem-estar público contra a produtividade e o lucro. Srikantaiah aponta o fato de que colonialidade, xenofobia, racismo e desigualdade estrutural compreendem algumas respostas de atores corporativos, estatais e não estatais para educar e trabalhar durante a pandemia, e ela obriga os leitores que abordam o volume do campo da educação em emergências a entender que o poder político e financeiro ditará quem definirá o “novo normal” pós-pandêmico na ausência de resistência popular.

 

Learning, Marginalization, and Improving the Quality of Education in Low-income Countries [Aprendizagem, marginalização e melhoria da qualidade da educação em países de renda baixa] editado por Daniel, A. Wagner, Nathan M. Castillo e Suzanne Grant Lewis
Changha Lee

Changha Lee analisa o volume editado por Daniel A. Wagner, Nathan M. Castillo e Suzanne Grant Lewis, Learning, Marginalization, and Improving the Quality of Education in Low-income Countries. Ela ressalta a observação dos editores de que muitas/os “estudantes na base da pirâmide” vivem em contextos afetados por emergências e, portanto, são uma população de interesse para o campo da EeE. Depois de definir as/os estudantes na base da pirâmide, o volume discute o apoio à aprendizagem em comunidades de baixa renda e altamente marginalizadas, como abordagens de aprendizagem direcionadas e contextualizadas e estratégias diferenciadas, incluindo aquelas que utilizam tecnologia educacional. O volume termina com vários estudos de caso de contextos que serão de interesse para os leitores do JEiE.