Saúde

Com o aumento dramático do número de crises prolongadas e complexas em todo o mundo, é importante considerar de que maneira a saúde contribui para melhores resultados de aprendizagem. A saúde e a educação têm uma relação de reciprocidade, reforço mútuo. Se por um lado, aqueles e aquelas que têm problemas de saúde experienciam um desenvolvimento mental e educativo pobre, por outro lado, uma educação para a saúde adequada pode garantir que as e os estudantes sejam mais capazes de manter um estado de boa saúde. Tendo em conta esta relação, é importante garantir que as e os estudantes estejam a aprender num ambiente saudável e seguro para que possam alcançar um melhor estado de saúde e, portanto, ter taxas de assiduidade mais altas e um nível educativo superior.

Displaced woman Nadia Mohammed Fadhl with her son Mater receives assistance at an IRC mobile clinic operating in the suburb of Bir Ahmed on the outskirts of Aden, Yemen on Thursday, January 10, 2019.
© Will Swanson, IRC 

No entanto, as crises globais tornam estes objetivos difíceis de alcançar. A fim de os alcançar, é imperativo que garantir o acesso e a continuidade de uma vasta gama de serviços (cuidados preventivos e primários, bem como resposta a surtos e tratamento terciário) que garanta que os alunos e as alunas tenham bem-estar físico, mental e social que reforce a sua capacidade de aprender, mesmo no meio de uma situação de crise. Os cuidados de saúde e a educação para a saúde devem também adaptar-se no sentido de serem culturalmente sensíveis e se adaptarem às necessidades específicas dos e das estudantes nos seus contextos de emergência.

Em 2015, as Nações Unidas adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo o ODS 3, cujo objetivo é garantir vidas saudáveis e promover o bem-estar para todas as pessoas em todas as idades. Este objetivo não só aborda a prestação de cuidados de saúde de qualidade, mas também chama a atenção para a melhoria do conhecimento sobre saúde e a promoção de comportamentos que promovam a saúde. No entanto, os ambientes em situações de emergência complicam a capacidade de garantir esses serviços ou assegurar a transmissão desse conhecimento. Qualquer desastre, seja ele natural ou provocado pela “mão humana”, afeta a saúde da população e representa perdas substanciais e a perturbação aos sistemas de saúde pública. Para além do impacto direto de perigos como traumatismos ou lesões, as catástrofes exacerbam as causas mais comuns de doença e morte infantil, incluindo diarreia, pneumonia, malária e desnutrição. Além disso, serviços essenciais frágeis ou perturbados, como a água, o saneamento e a higiene (ASH), a alimentação e a nutrição, os sistemas de saúde e os movimentos de pessoas podem colocar as comunidades em risco de doenças epidémicas e de malnutrição.

As ONG que trabalham em contextos de crise identificaram a educação como um meio de salvar vidas para as crianças. As crianças são mais capazes de lidar com o trauma através da estabilidade e da estrutura organizada que as escolas oferecem. As escolas oferecem um meio de proteção e segurança contra perigos potenciais, abusos de várias formas e exploração. Nas escolas, as crianças têm acesso a outro tipo de respostas tais como alimentação, água, saneamento, aconselhamento ou encaminhamento para cuidados de saúde e tratamento. A educação ajuda a aumentar o potencial económico dos alunos e das alunas, promove a igualdade e contribui para restaurar a paz e a estabilidade. Devido a isso, todos os esforços têm que ser feitos para transformar as escolas não só em espaços amigáveis e seguros, mas também mais saudáveis.

Esta coleção de recursos sobre Saúde procura destacar as áreas temáticas prioritárias de saúde e saúde pública que podem ter um impacto positivo nos resultados de aprendizagem para os alunos e alunas em situações de emergência. As principais questões e preocupações de saúde são identificadas e as intervenções, orientações e protocolos recomendados são sugeridos. Além disso, são propostas intervenções escaláveis tendo por base um conjunto de evidências. Esta síntese destina-se a profissionais e atores que trabalham para melhorar a Educação em situações de Emergência (EeE) através de melhores intervenções de saúde no domínio da ação humanitária.

Por favor, use este conjunto de recursos em conjunto com as coleções temáticas sobre Alimentação e Nutrição e Água, Saneamento e Higiene (ASH), uma vez que a Saúde está intrinsecamente ligada a estes dois tópicos

Principais dados estatísticos

  • Nos países em desenvolvimento, estima-se que se percam cerca de 500 milhões de dias de escola por ano devido a doença.

  • As condições de saúde precárias mais comuns nas crianças em idade escolar, incluindo malária, malnutrição, infeção por vermes e anemia, podem reduzir o seu Quociente de Inteligência (QI) entre 3,7 e 6 pontos.

  • Aproximadamente 400 milhões de crianças em idade escolar sofrem de infeções por parasitas, o maior número comparativamente a qualquer outro grupo etário.

  • As crianças cujas mães tenham o nível de educação secundária ou superior têm duas vezes mais probabilidade de sobreviver para além dos 5 anos de idade do que aquelas cujas mães não tiveram acesso a educação.

  • Uma criança cuja mãe saiba ler tem 50% mais probabilidade de sobreviver para além dos 5 anos de idade.

  • Filhos e filhas de mães instruídas têm maior probabilidade de serem vacinados e menor probabilidade de serem raquíticos por causa da desnutrição. Na Indonésia, as taxas de vacinação infantil são de 19% quando as mães não têm educação. Isso aumenta para 68% quando as mães têm pelo menos o ensino secundário.

  • O VIH e a SIDA são responsáveis por 77% da falta de professores e professoras em países com elevadas taxas de VIH.

  • As projecções sugerem que, em 2050, o número de vidas perdidas por ano devido à incapacidade de proporcionar um acesso adequado a uma educação de qualidade seria igual ao número de vidas perdidas hoje em dia devido ao VIH e à malária, duas das doenças globais mais mortíferas. Até 2050, o crescimento da população seria pelo menos 15% maior do que se todas as crianças estivessem a aprender - um fator crítico para o desenvolvimento como um todo. (fonte)

 

Esta coleção foi desenvolvida com o apoio de Aysha Joan Liagamula Kayegeri, especialista da Common Wealth.

1 Janeiro 2008 Manual/Handbook/Guide United Nations Population Fund (UNFPA)

HIV Interventions for Young People in Humanitarian Emergencies

These briefs were developed to provide guidance on effective HIV interventions for young people in humanitarian emergencies. It is part of a series of seven global Guidance briefs that focus on HIV prevention, treatment, care and support interventions for young people that can be delivered through different settings for a range of target groups. 

28 Agosto 2015 Manual/Handbook/Guide Inter-Agency Standing Committee (IASC)

Guidelines for Integrating Gender-Based Violence Interventions in Humanitarian Action

The Guidelines for Integrating Gender-Based Violence Interventions in Humanitarian Action were developed to assist humanitarian actors and communities affected by humanitarian emergencies to coordinate, implement, monitor and evaluate essential action for the prevention and mitigation of gender based violence across all sectors of humanitarian action.

1 Janeiro 2011 White Paper World Health Organization (WHO)

Sexual and Reproductive Health During Protracted Crises and Recovery

Recognizing the gap in sexual and reproductive health services (SRH) in international assistance, the WHO, the UNFPA and other humanitarian partners from the Health Cluster convened in Spain, producing the "Granada Consensus." This statement highlights four priority areas to be addressed in order to facilitate the sustainable provision of SRH services in protracted crises. 

1 Março 2006 Manual/Handbook/Guide
End Child Prostitution and Trafficking (ECPAT)

Protecting Children from Sexual Exploitation and Sexual Violence in Disaster and Emergency Situations: A Guide for Local and Community Based Organizations

The promotion and protection of children's rights has been a fundamental aspect of the international human rights system. This manual centers on how to protect children from sexual violence and sexual exploitation, specifically in disaster and emergency situations.

1 Janeiro 2012 United Nations Children's Fund (UNICEF), United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR), United Nations Population Fund (UNFPA), World Health Organization (WHO)

Do's and Don'ts in Community-Based Psychosocial Support for Sexual Violence Survivors in Conflict-Affected Settings

This document promotes good practices and intends to reduce harmful practices by community-based psychosocial programmes that address sexual violence in conflict settings. 

1 Janeiro 2007 Manual/Handbook/Guide Inter-Agency Standing Committee (IASC)

Guidelines on Mental Health and Psychosocial Support in Emergency Settings

The Inter-Agency Standing Committee (IASC) issued these Guidelines to enable humanitarian actors to plan, establish and coordinate a set of minimum multi-sectoral responses to protect and improve peoples mental health and psychosocial well-being in the midst of an emergency.

1 Janeiro 2010 Report Inter-Agency Standing Committee (IASC), World Health Organization (WHO)

Mental Health and Psychosocial Support in Humanitarian Emergencies: What Should Humanitarian Health Actors Know?

This document is for humanitarian health actors working at national and sub-national level in countries facing emergencies and crises. It applies to Health Cluster partners, including governmental and non-governmental health service providers.