Apresentação: Parte II da Edição Especial sobre Educação de Pessoas Refugiadas, da Revista sobre EeE

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Investigação e Evidências
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É com muito gosto que anunciamos a publicação da Journal on Education in EmergenciesVolume 5, Número 2, Edição Especial Sobre Educação de Pessoas Refugiadas, Parte II!

Nesta segunda parte da nossa edição sobre educação de pessoas refugiadas, apresentamos cinco artigos de investigação e três recensões de livros. A Parte II complementa a primeira com artigos que se concentram em oportunidades e resultados da educação de pessoas refugiadas, à medida que se ligam aos direitos, aos doadores, à literacia, ao sentimento de pertença, e ao desenvolvimento profissional de professores/as.

Emergem três grandes temas ao longo destas contribuições. Em primeiro lugar, a importância de compreender a educação de pessoas refugiadas a vários níveis. Os autores e autoras mostram as diferentes formas pelas quais as leis, as políticas e as abordagens globais são mobilizadas, interpretadas e vivenciadas a nível nacional e a nível local. Em segundo lugar, os artigos desta edição sublinham a necessidade de ter em consideração as dimensões económica, social e cultural da educação. Demonstram de que forma as leis, as escolas, os professores/as e os doadores moldam o modo como estas dimensões se manifestam nas experiências escolares de jovens refugiados. Em terceiro lugar, estas contribuições mostram o quão uma investigação metodologicamente diversa pode ajudar a melhorar a educação de pessoas refugiadas.

Sarah Dryden-Peterson, Jo Kelcey e S. Garnett Russell editaram esta edição especial da JEiE.

Volume 5, Número 2 da JEiE, assim como as edições anteriores da Revista, e todos os artigos estão disponíveis na íntegra e podem ser descarregados gratuitamente no site da INEE - https://inee.org/pt/journal.

Cada artigo está disponível em Inglês; o resumo e título de cada um deles foram traduzidos para árabe, francês, português e espanhol.

Journal on Education in Emergencies: Volume 5, Número 2
Edição Especial Sobre Educação de Pessoas Refugiadas, Parte II

ÍNDICE

Nota Editorial Sarah Dryden-Peterson, Jo Kelcey, e S. Garnett Russell

Sarah Dryden-Peterson, Jo Kelcey e S. Garnett Russell, que coordenaram o processo editorial da edição dupla sobre educação de pessoas refugiadas, apresentam uma visão geral da Parte II nesta nota editorial. Elas observam que os artigos nesta edição se concentram de forma abrangente nas oportunidades e resultados de aprendizagem de pessoas refugiadas e na sua relação com os seus direitos, níveis de literacia e sentimento de pertença; no financiamento de programas que beneficiem alunas e alunos refugiados; e o desenvolvimento profissional de professores/as ao serviço das necessidades educativas de pessoas refugiadas.

ARTIGOS DE INVESTIGAÇÃO SOBRE EeE

Explorando a Aplicabilidade do Direito de Pessoas Refugiadas à Educação: Uma Análise Comparativa de Tratados sobre Direitos Humanos Sarah Horsch Carsley e S. Garnett Russell

Sarah Dryden-Peterson, Jo Kelcey e S. Garnett Russell, que coordenaram o processo editorial da edição dupla sobre educação de pessoas refugiadas, apresentam uma visão geral da Parte II nesta nota editorial. Elas observam que os artigos nesta edição se concentram de forma abrangente nas oportunidades e resultados de aprendizagem de pessoas refugiadas e na sua relação com os seus direitos, níveis de literacia e sentimento de pertença; no financiamento de programas que beneficiem alunas e alunos refugiados; e o desenvolvimento profissional de professores/as ao serviço das necessidades educativas de pessoas refugiadas.

O Papel Emergente dos Atores Empresariais como Decisores Políticos na Educação em Situações de Emergência: Evidências da Crise de Refugiados da Síria Zeena Zakharia e Francine Menashy

Na sequência de chamada a um maior envolvimento da sua parte na educação de pessoas refugiadas, os atores empresariais envolvem-se cada vez mais no financiamento e na provisão de educação em contextos humanitários. O seu envolvimento, tendo sido particularmente proeminente na crise da Síria, levantou questões sobre o papel emergente dos atores empresariais enquanto decisores políticos da educação a nível global quer em situações de crise prolongada, quer em situações de emergência. Com base na investigação associada a estudos de caso sobre a educação de pessoas refugiadas da Síria na Jordânia, no Líbano e na Turquia este artigo analisa a natureza e as fundamentações do envolvimento do setor privado na educação de pessoas refugiadas e o modo como este envolvimento poderá apontar para a emergência dos agentes empresariais enquanto decisores políticos do setor de educação a nível global. O artigo foi construído tendo por base os conceitos interdependentes de humanitarismo do mercado, capitalismo filantrópico e autoridade do setor privado, além dos dados que recolhemos em 2016 e 2017 a partir de 44 entrevistas a informantes-chave e o mapeamento de atividades no setor da educação. Adotando uma abordagem sociocultural aos estudos de políticas, argumentamos que a onda de apoio do setor privado à educação de pessoas refugiadas reforçou a autoridade privada dos atores empresariais nos círculos políticos mundiais, o que lhes permitiu desempenhar novos papéis e ocupar espaços potencialmente significativos na educação nos espaços de formulação de políticas de EeE.

As Crianças Refugiadas Estão a Aprender? Literacia nas Classes Iniciais num Campo de Refugiados no Quénia Benjamin Piper, Sarah Dryden-Peterson, Vidur Chopra, Celia Reddick, e Arbogast Oyanga

Atualmente, mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo vivem como refugiadas, tendo sido obrigadas a abandonar os seus países de origem devido a situações de crise e conflito. Embora o direito à educação esteja articulado nos acordos internacionais, a responsabilidade pela instrução das crianças refugiadas recai sobre os sistemas nacionais de educação dos países de acolhimento. Num dos primeiros estudos deste tipo, avaliamos todas as escolas que disponibilizam o acesso às classes iniciais do ensino primário a crianças refugiadas no campo de pessoas refugiadas de Kakuma, um dos maiores e mais antigos campos de refugiados do mundo à data da recolha de dados. Os resultados obtidos por esses estudantes foram consideravelmente baixos, mais baixos até do que os resultados obtidos pelas crianças desfavorecidas na referida comunidade de acolhimento, o município de Turkana. Os níveis de literacia diferem entre as crianças refugiadas, dependendo do seu país de origem, da língua de ensino usada na escola do Quénia, das línguas faladas em casa, e das expetativas, autodeclaradas pelas crianças, de um regresso ao seu país de origem. Os nossos resultados indicam a necessidade urgente de investir fortemente na melhoria da aprendizagem entre as crianças refugiadas, ao invés de uma concentração exclusiva no seu acesso à educação.

A Motivação Académica dos Estudantes Refugiados em situação de Deslocação: O Caso do Campo de Refugiados de Kakuma Jihae Cha

Com base na literatura existente sobre motivação académica, esta investigação analisa vários fatores associados à motivação académica dos estudantes que vivem em campos de pessoas refugiadas no Quénia. Utilizo a teoria da autodeterminação e a construção do sentimento de pertença à escola para explorar a motivação académica desses e dessas estudantes que, apesar dos impressionantes desafios que enfrentam na vida em exílio e do futuro incerto, continuam a ter vontade de aprender. Utilizei o Método dos Mínimos Quadrados seguindo um modelo de regressão linear simples, para analisar a relação entre a motivação dos e das estudantes e as suas variáveis preditivas individuais e sociais. Com base num inquérito por questionário feito a 664 estudantes do ensino primário espalhados por nove escolas no campo de pessoas refugiadas de Kakuma, os resultados sugerem que o sentimento de pertença à escola dos e das estudantes é o preditivo mais forte da motivação académica, mesmo depois de ajustar em função de outras variáveis demográficas e relacionadas com a família. Embora estes fatores não representem todos os preditivos possíveis de motivação entre os e as estudantes de campos de pessoas refugiadas, o estudo sugere que fomentar o sentimento de pertença à escola num contexto de deslocação forçada poderá ajudar as e os educadores a criarem ambientes de aprendizagem que promovam e sustentem a motivação académica de estudantes refugiados.

Educadores para a Mudança: Apoiando o Papel Transformativo de Professores em Contextos de Deslocação Massiva Tejendra Pherali, Mai Abu Moghli, e Elaine Chase

Com base na literatura existente sobre motivação académica, esta investigação analisa vários fatores associados à motivação académica dos estudantes que vivem em campos de pessoas refugiadas no Quénia. Utilizo a teoria da autodeterminação e a construção do sentimento de pertença à escola para explorar a motivação académica desses e dessas estudantes que, apesar dos impressionantes desafios que enfrentam na vida em exílio e do futuro incerto, continuam a ter vontade de aprender. Utilizei o Método dos Mínimos Quadrados seguindo um modelo de regressão linear simples, para analisar a relação entre a motivação dos e das estudantes e as suas variáveis preditivas individuais e sociais. Com base num inquérito por questionário feito a 664 estudantes do ensino primário espalhados por nove escolas no campo de pessoas refugiadas de Kakuma, os resultados sugerem que o sentimento de pertença à escola dos e das estudantes é o preditivo mais forte da motivação académica, mesmo depois de ajustar em função de outras variáveis demográficas e relacionadas com a família. Embora estes fatores não representem todos os preditivos possíveis de motivação entre os e as estudantes de campos de pessoas refugiadas, o estudo sugere que fomentar o sentimento de pertença à escola num contexto de deslocação forçada poderá ajudar as e os educadores a criarem ambientes de aprendizagem que promovam e sustentem a motivação académica de estudantes refugiados.

RECENSÕES DE LIVROS

“Relatório Mundial de Monitorização da Educação 2019: Migração, Deslocação e Educação: Construir Pontes, Não Muros” da Equipa do Relatório de Monitorização Global da Educação Bethany Mulimbi

Na sua recensão do Relatório de Monitorização Global da Educação de 2019, Bethany Mulimbi apresenta uma visão geral do relatório, incluindo as várias formas como a educação e a migração se relacionam entre si. Ela observa que o texto é altamente acessível e relevante para uma série de intervenientes, e que tem particulares implicações para os professores e para os dirigentes de escolas quanto a currículo e de pedagogia e para os decisores políticos a todos os níveis.

Peace Education: International Perspectives editado por Monisha Bajaj e Maria Hantzopoulos Samira N. Chatila

Na sua recensão do livro Peace Education: International Perspectives, editado por Monisha Bajaj e Maria Hantzopoulos, Samira N. Chatila discute a importância da educação para a paz no apoio à consolidação da paz em situações de emergência e define a ligação entre educação para a paz e violência enquanto processo, intervenção ou resultado.

Just Violence: Torture and Human Rights in the Eyes of the Police de Rachel Wahl Amit Prakash

Amit Prakash apresenta uma visão geral sobre o livro de Rachel Wahl, Just Violence: Torture and Human Rights in the Eyes of the Police. Ele explica como os agentes policiais na Índia se apoiam no discurso global sobre os direitos humanos para justificar os seus próprios atos de violência e de tortura, e como a educação para os direitos humanos é utilizada para justificar essas ações como fruto da preocupação com a segurança e a justiça. Prakash destaca a tentativa de Wahl de ir além dos binários frequentemente associados aos direitos humanos e à tortura.