Escola e escolaridade no Sudão do Sul, 2013-2016
O Sudão do Sul esteve envolvido em uma guerra civil de meados de dezembro de 2013 a meados de setembro de 2018. Cerca de 400.000 pessoas morreram e milhões de pessoas foram deslocadas. A economia entrou praticamente em colapso quando a produção do país foi severamente reduzida, fazendo com que a inflação disparasse. Embora a investigação anterior sobre a crise humanitária imediata no Sudão do Sul tenha se concentrado nas deslocações forçadas e na insegurança alimentar, existe pouca informação disponível sobre o impacto de longo prazo que a guerra teve na acumulação de capital humano, nesse contexto. Esta análise explora a variação espacial na exposição à violência para estimar o impacto causal da recente guerra civil sobre a matrícula na escola primária como um instrumento para mensurar a acumulação de capital humano. Os resultados baseados na metodologia «diferenças em diferenças» indicam uma relação estatisticamente significativa entre a matrícula escolar e a guerra. O estudo mostra que as escolas localizadas na zona de guerra do Sudão do Sul perderam por ano, em média, 85 crianças ou 18,5% do total de matriculas. A tendência decrescente na matrícula de meninas não está relacionada com a guerra, o que não é surpreendente; barreiras sociais, incluindo estereótipos de género nas tarefas domésticas, casamento precoce e gravidez fora do casamento, bloqueiam há muito as oportunidades educativas para meninas no Sudão do Sul. Estes efeitos são resistentes a um número de especificações, incluindo a manutenção de um nível escolar fixo e constante para o ajustamento de erros padrão. O artigo apresenta importantes implicações políticas para a educação e para o mercado de trabalho, tanto a nível local como internacional.